
Em sua 7ª edição, a JOENG – Jornada das Engenharias da FAACZ reuniu, nos dias 13 e 14 de maio, alunos, egressos, professores e representantes de empresas para discutir desafios e oportunidades na área de Engenharia Mecânica. O evento, realizado no auditório da instituição, destacou a importância da formação técnica aliada a habilidades comportamentais para os futuros profissionais. Foi uma noite marcada por reflexões e pela valorização da Engenharia.
Também participaram, como convidados especiais, alunos da 2ª e 3ª Séries do Ensino Médio do Centro Educacional de Aracruz (CEA), acompanhados pela supervisora escolar Ana Paula Pereira Martins da Silva Bertolini. Ao dar início ao evento, o professor Marcos Halasz, coordenador do curso de Engenharia Mecânica da FAACZ, destacou a importância da escuta ativa. “Estamos aqui para ouvir mais do que falar”, afirmou, ao apresentar a proposta da jornada, voltada à troca de experiências entre profissionais do setor industrial e estudantes. Ele também convidou a diretora acadêmica para a abertura oficial.

Durante sua fala, a diretora acadêmica da FAACZ, professora Adriana Recla Sarcinelli, reforçou a necessidade de preparo dos estudantes do curso de Engenharia Mecânica para um mercado cada vez mais competitivo. “Aracruz tem projeção para receber muitos habitantes nos próximos anos. Vai precisar de capital intelectual. E quem vai ocupar esses espaços? Vocês, se estiverem preparados”.
A diretora relembrou que o curso de Engenharia Mecânica foi um dos primeiros que acompanhou desde seu ingresso como docente na instituição. “É um curso com mais de duas décadas, formando profissionais que atuam em empresas nacionais e internacionais. Uma formação sólida e versátil, que permite ao engenheiro administrar, empreender e atuar em diversas áreas”.

Coube ao professor Harerton Dourado, idealizador do evento, contextualizar o surgimento da Jornada das Engenharias. “Essa é a principal semana do ano para o curso de Engenharia Mecânica. Surgiu por demanda dos alunos, e estamos agora na sétima edição. Antes, revezávamos com a Semana Acadêmica; agora, acontece anualmente”. Segundo ele, o evento nasceu também para valorizar a região: “Sempre digo que não existe lugar melhor para o engenheiro trabalhar do que aqui, em Aracruz”.
A primeira palestrante da noite foi a engenheira de processos, bens e consumo Evili Cunha, da Suzano. Ela compartilhou sua trajetória profissional e ofereceu conselhos valiosos para os jovens que estão começando a construir sua carreira. Com uma fala espontânea, direta e motivadora, ressaltou a importância de aproveitar ao máximo a vida universitária, buscar o autoconhecimento e investir em habilidades práticas.

“Vivam a graduação! Eventos como este geram insights para se diferenciarem”, afirmou Evili. Sobre processos seletivos, foi direta: “Chegar despreparado é um risco. Estude a empresa e pratique o autoconhecimento”. Em sua fala, destacou: “A indústria busca pessoas técnicas, mas, sobretudo, humanas. Tratar o outro com humildade e respeito é estratégico”. Além da trajetória profissional, a convidada destacou o que as empresas, especialmente a Suzano, esperam de um engenheiro nos dias atuais.
Também participaram o gerente de operações Jorge Souza, representante do Grupo Estel, e a proprietária da T&C Soluções Engenharia Célia Faustini Campana Loureiro, ex-aluna do CEA e da FAACZ, formada em Engenharia Mecânica, que compartilhou sua trajetória inspiradora com os alunos – muitos deles ainda em fase de definição de carreira. Durante o encontro com os estudantes de Engenharia Mecânica, o representante da Estel apresentou experiências pessoais e as oportunidades oferecidas pela companhia, que vive atualmente uma fase de crescimento e reestruturação.

“Estamos em um momento de crescimento exponencial. A empresa está se transformando e, daqui a cinco anos, será ainda mais diferente do que é hoje”, afirmou Jorge Souza, destacando que a busca por novos talentos é prioridade na companhia. Ele reforçou que o Brasil vive um momento de carência na área e que a Estel passa por um crescimento acelerado: “É uma nova Estel, totalmente diferente. Daqui a cinco anos, estaremos em outro patamar”.
Ao falar diretamente com os estudantes, foi direto ao ponto sobre as expectativas em relação aos futuros engenheiros: planejamento de carreira, autoconhecimento e estratégia. Segundo ele, é essencial questionar: “O que eu quero? No que sou bom? Tentem juntar uma coisa com a outra”. Para o gerente de operações do Grupo Estel, o segredo de uma carreira feliz está em unir vocação e paixão.

Tendo como tema “O que as empresas esperam dos engenheiros?”, o segundo dia do evento contou com a participação de três convidados especiais. Dois deles, ex-alunos da FAACZ, compartilharam suas experiências de carreira. O terceiro, professor da casa, trouxe a visão de quem atua simultaneamente na docência e na indústria.
O primeiro a falar foi Sadraque Souza Prates, egresso da turma de Engenharia Mecânica de 2017. Ele compartilhou sua trajetória, que começou como menor aprendiz aos 16 anos na Imetame Metalmecânica. Ressaltou: “O engenheiro não chega logo sendo gestor. Você tem que galgar”. Explicou que passou por cargos como assistente de produção, caldeireiro e supervisor antes de assumir a coordenação, destacando a importância da humildade e da experiência prática.

Em seguida, o engenheiro Gabriel Giampietro de Andrade, coordenador de confiabilidade mecânica da Chemtrade, compartilhou a visão das empresas sobre a formação técnica, aliando vivência prática e perspectiva de liderança. Formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) em 2016, Gabriel apresentou uma trajetória marcada por dúvidas, coragem e escolhas pouco convencionais que moldaram sua visão sobre o papel do engenheiro na indústria.
“Quando eu estava terminando a faculdade, não sabia muito bem o que ia fazer da minha vida, como imagino que ocorre com muitas pessoas aqui”, relembrou o coordenador de confiabilidade mecânica da Chemtrade. Com apoio da namorada – hoje esposa – e com uma reserva financeira, decidiu embarcar numa jornada de autodesenvolvimento: mudou-se para a Argentina com o objetivo de aprender espanhol e expandir horizontes.

Durante esse período, enfrentou o desafio de conquistar sua primeira oportunidade profissional em um ambiente totalmente novo. Conseguiu ingressar em uma empresa familiar do Setor Agroindustrial, onde teve contato direto com fabricação, manutenção e atendimento técnico – o que exigiu iniciativa e rápida adaptação. Pouco depois, foi recrutado pela ArcelorMittal, onde iniciou como engenheiro de manutenção júnior, experiência que consolidou seu entendimento sobre o que o mercado espera de um profissional de Engenharia.
Hoje, à frente da confiabilidade mecânica de uma planta química de grande porte, Gabriel lidera projetos voltados à redução de falhas críticas, melhoria contínua e evolução dos sistemas de manutenção. Com foco em resultados sustentáveis e na valorização das equipes, tem atuado como agente de transformação técnica e cultural.

Em sua fala, destacou o equilíbrio entre competência técnica e habilidades interpessoais: “O que as empresas esperam do engenheiro? Que goste do que faz, que trate bem os outros, que se comunique bem. Parece simples, mas é isso mesmo”, defende Gabriel. Para ele, conhecimento técnico é essencial – mas saber buscar soluções em equipe, se comunicar com clareza e manter o entusiasmo são diferenciais cada vez mais valorizados.
Já Ernandes Marcos Scopel, egresso da quinta turma de Engenharia Mecânica da FAACZ e hoje coordenador do curso de Engenharia Mecânica do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) – Campus Aracruz, trouxe um contraponto acadêmico. Com uma trajetória marcada por superação, esforço e paixão pela Engenharia, compartilhou sua vivência com os estudantes presentes.

“Antes de ser engenheiro, tenho orgulho de dizer que bati muita marreta na vida. Sou peão”, afirmou com humildade o professor Ernandes, ao lembrar das origens simples e do trabalho duro para pagar os estudos. Ele trabalhou na área de manutenção da antiga Aracruz Celulose, conciliando a jornada profissional com a formação acadêmica. Com uma história que mistura humildade, ambição e amor pela Engenharia, Ernandes é exemplo de como experiência prática e formação acadêmica podem se complementar na carreira de um profissional.
Essa edição da JOENG reforçou a conexão entre academia e mercado, aproximando os estudantes da realidade profissional e estimulando uma visão mais ampla das possibilidades na carreira de Engenharia. Ao final, os convidados ficaram à disposição para perguntas e interações com os alunos, tornando a noite não apenas um espaço de escuta, mas também de inspiração e construção de caminhos futuros.
Texto: Alessandro Bitti
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Data da publicação: 23/05/2025