
Em alusão ao “Maio Laranja”, mês de conscientização e combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes, estudantes do curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Aracruz (FAACZ) realizaram uma ação no dia 28 de maio, na Unidade Básica de Saúde (UBS) CAIC, no bairro Bela Vista, em Aracruz (ES). A iniciativa, orientada pela professora Jallana Rios Matos, contou com a participação das alunas do 1º período – Laisa Loureiro de Carvalho Oliveira, Elisa Christo de Melo Paiva e Nickole Forza de Oliveira – e do 3º período –Luana Felicio Nossa, Marcela Coutinho Devens Vieira e Silvana Pedrini dos Santos Souza –, além da colaboração da psicóloga Flávia de Araújo Conceição e da equipe de saúde da UBS.

A atividade foi dividida em dois momentos, com foco tanto nos cuidadores quanto nas crianças atendidas pela UBS CAIC. Em conversa com os responsáveis que aguardavam atendimento, as acadêmicas da FAACZ abordaram a importância da data – 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes –, relembrando o caso da menina Araceli Cabrera Sánchez Crespo, assassinada em 1973 na cidade de Vitória (ES), que inspirou a criação do “Maio Laranja”.

Durante o diálogo, foram discutidos os sinais de abuso aos quais os adultos devem estar atentos, os canais disponíveis para denúncia e a responsabilidade coletiva pela proteção de crianças e adolescentes. A frase provocativa “Se eu soubesse que uma criança estava sofrendo abuso, eu…” gerou reflexões importantes. Muitos cuidadores defenderam a denúncia como atitude essencial, mas também expressaram frustração com o Sistema Judiciário Brasileiro, considerado falho na punição dos agressores. O receio de confiar na própria família foi outro ponto de destaque, já que, segundo o relatório “Cenário da Infância e Adolescência no Brasil 2024”, da Fundação Abrinq, 68,7% dos casos de abuso ocorrem no ambiente residencial.

No segundo momento da ação, o trabalho foi direcionado às crianças, utilizando-se o livro “Pipo e Fifi: Ensinando Proteção Contra a Violência Sexual na Infância”, de Caroline Arcari, para explicar, de maneira lúdica e acessível, conceitos sobre o corpo, sentimentos, convivência e trocas afetivas. Uma das dinâmicas realizadas, chamada “Semáforo do Toque”, ajudou as crianças a distinguir entre toques adequados e inadequados. Dar as mãos para atravessar a rua e abraços respeitosos foram apontados como apropriados, enquanto toques em partes íntimas e acompanhados de pedidos de segredo foram identificados como inaceitáveis.

Com as crianças, atividades de colorir também reforçaram a importância de pedir ajuda. A ação contou ainda com a distribuição de folders informativos e a montagem de um mural na UBS CAIC, com o objetivo de manter viva a mensagem de proteção e conscientização entre os usuários do serviço de saúde. Os folders produzidos servem como material de consulta para a comunidade local atendida na Unidade Básica de Saúde CAIC, do bairro Bela Vista, em Aracruz (ES).

A vivência teve impacto profundo tanto no público atendido quanto nas estudantes do curso de Psicologia envolvidas. “Ver adultos se emocionando, encontrando um espaço seguro para falar e, ao mesmo tempo, aprendendo a proteger suas próprias crianças foi transformador. Quando falamos sobre o abuso, não estamos só prevenindo para o futuro, estamos também curando o passado”, destacou Laisa Loureiro de Carvalho Oliveira, aluna do 1º período do curso de Psicologia da FAACZ.

Araújo Conceição (UBS CAIC) na luta contra a violência infantil.
Para Nickole Forza de Oliveira, também do 1º período, a atividade mostrou a importância da prática: “Foi essencial sair da rotina da sala de aula, levar o conhecimento para outros espaços, onde ele ganha sentido e transforma realidades”, afirmou a universitária, ressaltando a relevância de sair da teoria para transformar realidades. A estudante Marcela Coutinho Devens Vieira, do 3º período do curso de Psicologia da FAACZ, ressaltou o papel da escuta no processo terapêutico: “Ouvir experiências reais, de vítimas reais, é só o começo dessa jornada. A escuta é a principal ferramenta terapêutica do nosso trabalho”.

Já Luana Felicio Nossa, também aluna do 3º período do curso de Psicologia da FAACZ, valorizou o aprendizado coletivo: “A ação é transformadora não apenas para a população, mas também para nós, universitárias. Estimula a busca por informações, a criatividade e o trabalho em equipe. É assim que impulsionamos a conscientização e desenvolvemos habilidades essenciais ao cuidado com o outro”.

A iniciativa reforça o compromisso social da Psicologia no combate à violência sexual infantil, mostrando que a prevenção e a informação são ferramentas poderosas para proteger crianças e adolescentes. Com essa ação social, a FAACZ confirma seu comprometimento com a formação humanizada de seus alunos e com o envolvimento ativo na comunidade de Aracruz e região, promovendo ações de impacto social e educativo.

Texto: Alessandro Bitti
E-mail: comunicacao@fsjb.edu.br
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Data da publicação: 02/06/2025