Mesa-redonda na FAACZ aborda conquistas e desafios da saúde mental e cidadania em alusão ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial

Fotos: Alessandro Bitti

Em comemoração ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, o curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Aracruz (FAACZ) promoveu uma mesa-redonda com o tema “Saúde Mental e Cidadania: Conquistas e desafios na atualidade”. O evento, realizado no dia 14 de maio, no auditório da instituição, contou com a presença dos psicólogos Luciane de Freitas Machado e Jonathas de Souza Santana, ambos atuantes no município de Aracruz, e do professor Ronaldo Félix Moreira Júnior, do curso de Direito da FAACZ.

A mediação ficou por conta do professor Eduardo Luiz Hubner Pereira, do curso de Psicologia da instituição. A diretora acadêmica da FAACZ, professora Adriana Recla Sarcinelli, deu as boas-vindas aos participantes, ressaltando a relevância da discussão sobre a luta antimanicomial nos dias atuais. “É fundamental discutir a saúde mental e cidadania, especialmente no contexto atual, para promover uma sociedade mais inclusiva e justa”, afirmou Sarcinelli.

Também marcou presença e reforçou a importância de debates críticos na formação dos futuros psicólogos, a coordenadora do curso de Psicologia, professora Stéfani Martins, junto com estudantes e docentes dos cursos de Direito e Psicologia da instituição. “É muito importante na formação de futuros psicólogos a presença de análises críticas, como foi fomentada por este debate, para a atuação ética nas diversas áreas de atuação da profissão”, afirmou a coordenadora do curso de Psicologia da FAACZ.

Reflexões sobre a Luta Antimanicomial

 

O Dia Nacional da Luta Antimanicomial, celebrado em 18 de maio, busca combater o estigma e o preconceito contra pessoas em sofrimento psíquico grave. Durante o evento, a psicóloga Luciane Machado destacou aspectos históricos da data, compartilhando experiências profissionais e acadêmicas, incentivando os alunos a refletirem sobre a prática da Psicologia e do Direito no contexto da saúde mental.

“Para estar aqui, hoje (14/05), com vocês, tive que revisitar minha história acadêmica e profissional, mas com uma ótica diferente, pois participei das lutas antimanicomiais, sem saber que estava participando”, relatou Luciane. A psicóloga exibiu um vídeo do psicanalista brasileiro Christian Dunker, que discute a atuação do psicólogo na rede de assistência social ao lado dos profissionais do Direito.

Luciane explorou temas como diagnóstico, pesquisa e a Psicologia Forense, estimulando uma visão crítica entre os estudantes. O psicólogo Jonathas de Souza Santana trouxe uma perspectiva crítica sobre a prática da Psicologia fora do contexto hospitalar, destacando a importância de entender a história dos manicômios no Brasil. Jonathas também recomendou a historiadora Ana Terra de Leon, que aborda a Saúde Mental no Instagram, como uma fonte de informação relevante sobre a luta antimanicomial.

 

Interface entre Psicologia e Direito

O professor Ronaldo Félix complementou a discussão com uma análise comparativa entre a Psicologia e o Direito, destacando o fechamento dos manicômios judiciários como um avanço nos direitos humanos. Ele explicou a legislação decorrente da luta antimanicomial e a resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre o tema. “É importante explicar os detalhes da inimputabilidade, tendo em vista ser um tema complexo, ainda mais para profissionais fora do campo do Direito”, frisou Félix.

 

Importância da comemoração e da luta

 

Para o professor Eduardo Hubner, mediador do evento, o Dia da Luta Antimanicomial é uma data de celebração e luta. “É uma comemoração no sentido de celebração dos avanços e conquistas no âmbito das políticas públicas de saúde, principalmente no campo da Saúde Mental, e de luta no sentido de uma crítica permanente aos modelos de tratamento para pessoas com sofrimento mental grave que produzem exclusão e agravos à saúde dessas pessoas”, afirmou Hubner, ressaltando a importância da atividade para a formação ética e humanizada dos alunos.

A estudante do 7º período do curso de Psicologia da FAACZ, Eduarda Mattiuzzi Selvatici, destacou a relevância da mesa-redonda. “O debate foi muito interessante para entender que a luta antimanicomial é constante na clínica e no fazer da Psicologia, visto que cada vez mais surgem formas de enclausurar os indivíduos que não estão dentro do ‘padrão de produtividade’ no sistema a qual estamos inseridos. O debate foi bem estruturado e agradável”, relatou Eduarda.

História da Luta Antimanicomial no Brasil

 

O movimento da Luta Antimanicomial no Brasil surgiu na década de 1980, com o objetivo de transformar o modelo de atenção em saúde mental, substituindo os hospitais psiquiátricos por uma rede de cuidado mais humanizada e comunitária. A luta busca promover práticas de cuidado que respeitem a dignidade, autonomia e os direitos das pessoas em sofrimento psíquico, valorizando a diversidade de experiências e saberes.

Tem como finalidade principal o fechamento dos hospitais psiquiátricos e a promoção de práticas de cuidado que respeitem a dignidade, autonomia e os direitos das pessoas em sofrimento psíquico, baseando-se em serviços comunitários, atenção integral e participação social. A mesa-redonda da FAACZ reforçou o compromisso da instituição com a formação crítica e ética dos seus alunos, incentivando debates que contribuam para uma sociedade mais justa e inclusiva.

 

Texto: Alessandro Bitti                                                                               
E-mail: comunicacao@fsjb.edu.br
alessandro@fsjb.edu.br

 

Data da publicação: 24/05/2024

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